domingo, 26 de dezembro de 2010

E tinha aquele menininho empinando uma pipa no meio da estrada, as roupas e o rosto meio encardidos, a mistura de cabelo e de suor e o sol, aquele sol imponente do meio-dia, deixando os olhinhos espremidos, só uma fresta e o breu (refletia o céu)... Os pés calejados pelos desníveis da terra batida, pés de José, esses pés não se machucam, esses pés não se cansam: pés de criança (pra criança tudo é nuvem), pés de adulto forçado (tanto andam, tanto ferem... já não sentem, sequer o querem), e o vento conduzindo e a pipa dançando feito louca, um pouco imprevisível, ora frenética, ropiando pelo azul, ora calma, deslizando, deslizando...
E o menino era alheio a tudo, ele só existia para aquele chão vermelho de terra e o som do vento, dentro dele só havia a pipa, colorida, pequena, dançando feito louca e o céu inteiro

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